O Hibisco

Este arbusto, que os botânicos levaram à Europa em 1731, teve uma divulgação muito grande entre os mestres-jardineiros do século XVIII

Quando chegou ao Brasil, tornou-se tão popular, tão comum que acabou por vulgarizar-se. Especialmente porque crescia sem grandes cuidados, formando cercas na Bahia e em Minas Gerais, onde era chamada de goela-de-leão, ou na região amazônica, onde até hoje é vendida pelo nome de papoula ou graxa-de-estudante (um nome traduzido do inglês, já que na Grã Bretanha é conhecida como Shoe flower, ou seja, flor de sapato). Em São Paulo e na região centro-sul é apelidada de mimo-de-vênus ou rosa-da-china, vulgarmente conhecida assim porque sua origem é China, o que explica sua classificação botânica como Hibiscus rosa-sinensis.
No Brasil se cultivam aproximadamente 700 espécies das mais variadas cores e tamanhos, chegando algumas a dar flores com 35 cm de diâmetro – como é o caso da Sally Colby, que tem o centro cor de vinho e as pétalas laranja. Essa diversidade de tipos parece muito, mas, se comparada com as 7.200 que existem no mund,o ainda não representa tanto. Mesmo assim o Brasil ocupa o 6 º lugar no ranking dos cultivadores. O líder mundial são os Estados Unidos, onde foi fundada uma associação que promove anualmente um concurso premiando os exemplares mais raros e bonitos; os outros países são Austrália, Porto Rico, Japão e Quênia. Os quenianos cultivam variedades nativas como Schizopetalus, aquele que vulgarmente é chamado de lanterna-japonesa ou mimo-crespo, crescendo mais de 3m de altura, com galhos longos e levemente pendentes e flores também pingentes que desabrocham durante o ano todo.
Todos os hibiscos são muito fáceis de cultivar, apenas não gostam do frio intenso ou de geadas. Quando a temperatura cai para menos de 8 graus, perdem suas as folhas, mas depois, com um pouco de calor, rebrotam. E se o termômetro subir para 25º, 27º, é bom regá-los diariamente, molhando no final da tarde também as folhas. Outra particularidade desde arbusto é o pH do solo: ele gosta de terra de baixa acidez. Por isso na hora de plantá-los é recomendável aplicar 200g de calcário dolomítico junto com esterco e um pouco de torta de mamona. Depois de mais ou menos 3 meses, é interessante ainda adubar com farinha de ossos e NPK rico em fósforo para promover uma boa florada…

Em Cuba, cresce um hibisco arbóreo cujo tronco fornece uma fibra muito delicada que serve, depois de desfiada, para amarrar os famosos charutos feitos em Havana. Essa árvore também é nativa aqui no Brasil, onde é conhecida como guaxima-do-mangue porque cresce no litoral, nessas áreas pantanosas, durante o ano todo e com mais intensidade na primavera e, no verão, dá flores amarelas, simples e com o fundo púrpuro-escuro. Este hibisco palustre, ou Hibiscus pernambucensis, como é classificado pelos botânicos, é ideal para sombreamento de calçadas e por causa de seu porte baixo (geralmente não ultrapassa os 4m), é indicado no caso de ruas estreitas com fiação aérea, além disso, é perfeita para terrenos alagadiços. Quem frequenta a praia de Guarujá, em São Paulo, seguramente já viu alguma vez, tempos atrás, uma senhora fazer desenhos com a flor desta árvore, lá no centro onde está uma velha locomotiva.
No Caribe, especialmente no Haiti, a flor também é utilizada para curtir peles e para combater resfriados.
Os nativos da região por onde passa o Trópico de Câncer, a conhecem como hau-kae-kae e usam a casca interna do tronco que, depois de raspada e misturada com ½ litro de água, é dada as mulheres durante o trabalho de parto, para minimizar a dor.
Mas o hibisco comum, o mais conhecido por nós, veio da China. É usado por lá não apenas para fazer grinaldas e decorar as cerimônias religiosas, mas também pelas chinesas para tingir aos cabelos.
Esta planta tão fácil de cultivar é muito utilizada no feng-shui porque de alguma maneira ajuda as pessoas introvertidas a expressar seus sentimentos através de uma energia em forma de espiral que emana do interior da flor proporcionando uma energia vivificante.

Autor: Raul Cânovas

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