A recuperação da confiança

No âmago dos seres humanos, mesmo naqueles mais toscos ou rudes, a copa de uma árvore florida causa uma sensação de esperança.

 

Desde criança aprendi que a primavera era a estação das flores e que tudo era felicidade, especialmente para o jovem que encontra no amor a razão primordial de existir. Depois, mais tarde, me ensinaram que primavera também era esperança, porque exatamente essas flores que desabrocham por todas as partes prometiam frutos e fartura.

Mesmo aqui no Brasil, onde frutas e flores não deixam de abundar durante o inverno, os próximos meses predizem sempre algum tipo de prazer e de fé no futuro. Há em tudo isto algo de atávico, mesmo para nós que nos meses de estiagem usufruímos das benesses de um inverno nada cruel.

Mas, o que descobrimos agora é que na outra metade do mundo as árvores começam a perder suas folhas e as margaridas vão desaparecer sob a neve. Tomara que isso não seja um mau presságio, tomara que a natureza apenas descanse sonhando com uma nova primavera nesses países do Hemisfério Norte onde a economia encontra-se tão abalada. Paisagem triste das ruas e avenidas na Europa, garoa, vento e desânimo outonal. Assim como nós, por aqui, depositamos uma eterna confiança nesta estação que começa, espero sinceramente que alguma árvore atrevida floresça no velho continente multiplicando-se por todas suas cidades, levando fé no futuro e devolvendo as alegrias perdidas.

Autor: Raul Cânovas

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