Dia Internacional do Combate às Drogas

"Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.
"

Charles Chaplin

Prefiro não manifestar minha posição contra elas, mas minha lida em favor da vida

Claude Olievenstein

Há alguns anos participei de um workshop com Claude Olievenstein (1933 – 2008), um psiquiatra francês que se especializou no tratamento da dependência química e que era chamado de “junkies psi”. Ele revolucionou o modo de compreender os dependentes e as toxicomanias, fundando em 1970 o Centre Médical Marmottan, em Paris, que se tornou referência mundial no tratamento da dependência de drogas.

Olievenstein influenciou médicos do mundo todo, inclusive do Brasil, onde os primeiros centros para tratamento gratuito, montados na década de 80, foram inspirados por ele. Entre estes, inclui-se o Proad/Unifesp, Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, um setor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, cujo modelo é muito similar ao do Centre Marmottan. Ele veio ao Brasil entre 1986 e 1997, todos os anos, orientando e supervisionando a equipe do Proad, junto ao professor Dartiu Xavier da Silveira, sem qualquer custo e motivado apenas pelo ideal de um mundo psiquicamente limpo.

Erythroxylum coca

Um de seus livros leva o título de "Os drogados não são felizes", uma maneira de indicar um conteúdo de textos onde deixa claro que, se droga propiciasse felicidade não seria chamada de droga. Isto ficou tão claro para mim, nessa feliz oportunidade de participar desse encontro com ele, que acabou marcando minha posição com respeito às substâncias químicas que alteram nossas emoções. Às vezes no afã de encontrar uma saída rápida para nossos problemas, recorremos a remédios, anfetaminas e barbitúricos que, em tese, trariam soluções às nossas dúvidas e questões de toda índole. Segundo este psiquiatra, até o abuso de analgésicos, ou qualquer outro medicamento, pode nos fazer perder contato com as realidades do cotidiano que, apesar de circunstancialmente por vezes dolorosas, devem ser vivenciadas de modo a compreendê-las e assim encontrar os desfechos que as resolvam.

É sabido que as substâncias psicoativas ilícitas são produzidas quimicamente a partir de plantas como a papoula, a coca (Erytrhoxylum coca), um alcalóide derivado de um cogumelo que parasita plantações de arroz, chamado ergot, o cânhamo-da-índia (Cannabis sativa) e outras. Eu prefiro contemplá-las em um jardim e se algum narcótico é capaz de mudar minha maneira de pensar, prefiro escolher aquele que chamo de: “a verdade”. Sem artifícios…apenas a boa fé de viver uma vida real.

Autor: Raul Cânovas

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