A harmonia diversificando espécies

Nas décadas recentes uma prática tornou-se usual entre os paisagistas. Prefiro não chamá-la de tendência e sim de macete para poupar tempo na escolha e combinação de espécies. Não tem sentido repetir a mesma planta formando uma sucessão de indivíduos que se prolonga metros e mais metros sem variação de alturas, formas e nuances.


Oferecer emoções

A paisagem criada, independente do estilo a ser praticado, deve romper com a monotonia, com as linhas retas da arquitetura e com a frieza das cidades do século XXI. Ela deve conter emoção, espontaneidade e naturalidade, e para lograr isto deve variar, surpreendendo quem a contempla com combinações harmônicas recheadas de cenas onde as plantas, como personagens de uma peça, desempenhem um papel predeterminado.


Balé

Teremos aquela relevante, que carregará a repesabilidade maior nas atenções e as coadjuvantes, que lhe darão apoio. Quanto maior a complexidade de características e atitudes, maior será o envolvimento. Como em uma dança, ela pode ser primitiva e primária como nos rituais tribais nos quais se dançava ao compasso de um tambor feito com um tronco oco, para pedir sol ou chuva, ou extremamente intrincada emocionalmente, onde o Ballet Bolshoi dança "O Quebra Nozes" com dezenas de bailarinos em palco, no meio de uma coreografia fenomenal. Inspirados nesses exemplos deve-se fugir do jardim simplório e investir na criação de paisagens insinuantes e com denso conteúdo visual e emocional.


A frieza do clean

Não devemos confundir sobriedade com pobreza, nem atmosfera minimalista (detesto a palavra clean) com jardim monocromático e carente de qualquer estrutura, parecendo um campo de futebol abandonado, onde cresce espontaneamente um capim no meio.

Harmonia é acariciar a alma. A paisagem fria machuca psicopaticamente pela sua falta de essência e de emoção.

Autor: Raul Cânovas

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