Quo vadis São Paulo?

 Sim, faço uso dessa expresão latina pronunciada por Pedro quando encontra Jesus a caminho de Roma.

Vista aérea da Avenida Paulista

Para onde vais São Paulo? Te pergunto isto, fazendo apelo a teus sentimentos, porque sei que você não é um amontoado de prédios e de ruas. Você tem alma e um destino traçado com histórias, algumas boas outras nem tanto, mas enfim, acontecimentos que te fizeram desse jeito monumental, respondendo, quem sabe, a um karma que foi a reação ou a consequencia de muitos acasos e da própria essência do teu destino. Afinal de contas, quantas cidades foram levantadas, ficando simples e pequenas? Quantas Santas Claras de Carapixungas se ergueram e não caminharam para diante, evoluindo como em teu caso, São Paulo?

Muitos se esquecem dos tijolos que você teve que engolir, do esforço que fez para prosperar, multiplicando atitudes para, por fim, obter uma pós-graduação em concreto e argamassa. Mas apesar do sucesso, dos aplausos da plateia mundial, fico com receio, cidade. Te vejo bombada demais, me preocupa esse estresse todo que te obriga a acordar cada vez mais cedo e dormir sempre um pouco mais tarde. Não sei, há algo em tudo isto que temo; desconfio da aparência por demais saudável que tua Avenida Paulista mostra, me assustam teus espigões que não param de crescer e desconfio desses refúgios atômicos embrulhados com papel de shoppings que relegaram tantas ruas Augustas ao esquecimento.

Cuidado São Paulo, pensa um pouco, para que crescer mais? Você não é jogador de basquete! Não abuse dos suplementos e das vitaminas, porque no teu caso o antidoping é o colapso urbano, o mega congestionamento onde ficarão engarrafados, não só os veículos, mas, especialmente, os logros e objetivos de teu povo.

Não quero ser chato no teu aniversario apontando defeitos e fazendo críticas. No meio desta festa quis ter este bate papo mais intimista e em particular, apenas pelo teu bem. Ninguém mais do que eu te desejaria a melhor das sortes e o rumo mais proveitoso. Quero muito, querida cidade, que abrigues gente feliz. Não me inquieta o fato de que enriqueças milhões de mulheres e de homens, mas que os tornes realizados como teus cidadãos, que por nada te abandonariam.

Com carinho, se despede atenciosamente, te desejando felicidades,

O Futuro

Autor: Raul Cânovas

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