Primavera ??? a estação da esperança


Foto: Nuria Joancarles

Uma das tantas histórias fabulosas que a mitologia nos traz, conta que certa vez Proserpina colhia flores junto com suas ninfas em um campo perto do Monte Etna. De repente, surgindo do nada, apareceu Plutão, o temível deus dos infernos que, sem mais nem menos, seqüestra a donzela levando-a na sua carruagem puxada por cem corcéis pretos, de crinas de fogo. Com sua preciosa carga, ele foge pela trilha em direção a seus tenebrosos domínios; como testemunhas ficam Hécate, o Sol, e uma das ninfas que se chamava Cianêa, que ao tentar deter o carro do raptor, é transformada por ele num lago que, a partir desse instante, é batizado com seu nome.

Quando Ceres, sua desesperada mãe, fica sabendo do desaparecimento, acende duas tochas de pinheiro na boca de fogo do Monte Etna, e com elas corre o mundo numa alucinada disparada, que se prolonga por nove dias e nove noites. Tudo em vão, nenhum rastro, nenhuma pista, nada que indique o destino de Proserpina; por fim, no décimo dia encontra Hécate, que diz ter ouvido os gritos da filha. Em seguida aparece o Sol, que comovido revela que Plutão, ajudado por Júpiter, a tinha levado para os infernos onde pretendia desposá-la.

Frente à crueldade de Júpiter, que era pai de sua filha, Ceres foge do Olimpo, a celestial morada dos deuses e começa uma espécie de vingança, de represália contra tudo e todos. Pede a Terra que se torne estéril, seca os rios, quebra os arados. Homens e bestas morrem pela falta absoluta de alimentos e de água. O caos e a miséria são totais.

Júpiter, pai de todos os deuses, temendo pela sorte do gênero humano, envia sua mensageira Íris e, mais tarde, todas as outras divindades do Olimpo para tentar persuadir a inconsolada mãe, mas esta jura solenemente que a Terra não voltará ser fértil até sua filha lhe ser devolvida.

Diante de tão firme atitude, o maior dos deuses, autoriza Ceres a descer aos infernos onde Plutão lhe entregará Proserpina, mas antes lhe faz uma advertência: “durante a permanência no mundo subterrâneo dos condenados, ela não poderá comer absolutamente nada. Apesar do aviso, Ceres engole seis grãos de romã e, é vista por Ascalafo – um dos guardas. Júpiter por intermédio dele fica sabendo e castiga Ceres obrigando-a a retornar. A desventurada deixa o inferno, mas antes castiga o indiscreto, convertendo-o em coruja.

Contudo, movido pela necessidade de encontrar uma solução, Júpiter determina que a partir desse momento, Proserpina ficaria seis meses no inferno, em companhia do marido Plutão e, os seis restantes, na terra junto a mãe, assim ano após ano.

Por este motivo é que todos os anos os campos e os jardins se vestem de flores coloridas e o curso dos rios volta correr alegre e cristalino; a terra, celebra a primavera sempre que Proserpina retorna, cobrindo tudo com calor, luz e vida.

por Raul Cânovas
 

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