Cultivadas na Roma dos Césares, no jardim (Viridarium) e mais discretamente nos pátios internos (Hortus), marcaram uma época de festins luxuriantes
Plínio, o Jovem, que foi um político e jurista destacado no primeiro século da Nossa Era, dava uma receita que chamava de panaceia, onde misturava aipo, alecrim e vinho. Mas era seguramente seu topiarius, como foram chamados os encarregados de embelezar o jardim, que escondia as melhores receitas para alimentar a libido inesgotável dos romanos.
Reconstituição de um Hortus de Pompeia
Uma delas era um cigarro feito com as folhas e as flores secas da “ginestra” a popular giesta (Spartium junceum). Seu poder excitante podia prolongar-se por mais de duas horas. Não foi à toa que o próprio Plínio se referia às cinzas dela, dizendo que continham ouro em pó.
Esses nobres jardineiros começaram a ter destaque em 54 a.C. quando Cícero, o ilustre orador que foi escritor, filósofo e cônsul, menciona pela primeira vez a profissão do topiarius. A evidência da importância destes jardineiros está demonstrada em alguns dos epitáfios das lápides romanas. E não era para menos, já que eram verdadeiros artistas e entendiam de plantas. Um deles receitava hortelã como complemento de saladas, para aumentar a potência sexual. Já o óleo dessa erva funcionava como estimulante nas massagens feitas nos lupanares de Pompeia e Herculano.
Petrônio, amigo do imperador Nero, autor de Satíricon, escreve: “Fomos atrás do criado que nos levou através de diferentes quartos, nos quais homens e mulheres se amavam loucamente. Percebi então que tinham bebido satyrion. Em seguida bebi uma taça cheia dele, que inundou minhas fibras de lascívia…”. A bebida fermentada era feita com folhas de orquídeas maceradas em vinho. É notável como Roma era rica e a burguesia dominante tinha tempo para todo tipo de lazer e prazer. Inventavam uma série de coisas para mergulhar em festas intermináveis, como pomadas feitas com açafrão, que potencializavam a sensibilidade da pele. O poeta Virgílio falava do poder dos estigmas das flores dessas plantas, que cresciam em Tmolus, um monte localizado na província de Lídia, Grécia.
Giovanni Antonio Pellegrini (1675-1741) – "Afrodite e Eros"
Também era costume queimar manjericão, pois seu aroma era tido como incitante, ou de empanturrar-se com mel (hoje sabe-se que é rico em vitaminas do complexo B, que produzem testosterona) e amêndoas. O dado curioso é que, antigamente, os noivos preparavam-se para o casamento tomando mel, diariamente, um mês antes, para serem sexualmente felizes. Daí que após a celebração do matrimonio iam para uma “lua de mel”.
Por aqui não temos um deus Priapo, símbolo da fecundidade entre os romanos, porém nossa flora enriquecida por espécies vindas de fora é pródiga de plantas afrodisíacas.
Cajá-mirim
Aqui algumas e suas virtudes:
ITEM | PROPRIEDADE |
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casca e caroço de abacateiro | contra a impotência |
amendoim | estimula o processo de vasodilatação |
suco de cajá-mirim | usado pelos índios botocudos |
cachaça de cambuí | na Bahia, um gole encorajador |
chá de carqueja-amarga | é usado até para estimular as cabras |
catuaba | vinhos, licores, defumações e loções |
rapé de chambá | usado na Amazônia |
coentro | aumenta o líquido seminífero |
frutos da figueira-branca | retardam a fadiga e tonificam o coração |
fumaça das folhas de funcho | efeito afrodisíaco |
paratudo | desânimo |
sementes de jequiriti pulverizadas | 0,2g fervidos no leite; afrodisíaco forte |
vinho de jurema preta | causa torpor |
raízes de muirapuama pulverizadas | estimulante amazônico |
casca de pente-de-macaco | excitante no Pantanal e Nordeste |
sementes de pimenta-de-bugre | animam e encorajam |
O uso de qualquer remédio, mesmo que na forma de um simples chá, requer diagnóstico e receita médica prévia. As plantas que foram citadas podem ser nocivas à saúde quando usadasem uma orientação farmacêutica apropriada.
Autor: Raul Cânovas