Mata ciliar

A expressão “ciliar” é usada por ser como um pelo que nasce nas bordas das pálpebras, protegendo os olhos

No caso da vegetação ribeirinha, ampara as margens de rios, lagos e mananciais dos processos de assoreamento. Essa “pestana” impede a erosão natural por causa de ventos, água, etc., ou provocada pelo homem através de desmatamentos, técnicas agrícolas inadequadas e edificações irregulares, que impedem enormes áreas de executar a função de absorver as águas de chuva. Esse assoreamento não chega a impedir que as águas corram, no entanto ocasionam mudanças de rumos, inundando regiões e esgotando outras, além de aumentar o nível de resíduos e de terra submersa.

A maneira com que a fragmentação florestal aconteceu, especialmente nas regiões economicamente mais desenvolvidas, do Sudeste e do Sul, e ultimamente também no Centro-Oeste e Norte, danificou a vegetação arbórea nativa. Este processo ocasionou um conjunto de problemas ambientais, como a extinção de muitas espécies da flora e da fauna, mudanças climáticas e o assoreamento dos cursos d’água. É patentemente visível o avanço de cidades formadas às margens de rios, suprimindo a vegetação ribeirinha; estes conglomerados urbanos sofrem com continuas inundações na época das chuvas. Contudo não é apenas o processo de crescimento urbano que preocupa, mas também a construção de estradas, a mineração para extração de areia, os cultivos agrícolas, o plantio de essências exóticas como eucalipto e as pastagens utilizadas na pecuária que são, cada vez mais, feitos nos fundos de vale, próximos dos rios.

Estes métodos artificias de aproveitar grandes regiões, causam inúmeros conflitos ao meio ambiente. A vegetação que cresce à beira da água, trabalha filtrando os sedimentos poluentes e os defensivos agrícolas que são conduzidos para os cursos d’água, afetando a quantidade e a qualidade desta água e, em consequência, peixes e outras formas de fauna aquática e a própria população humana.

A situação da mata ciliar no Brasil preocupa. O Rio Capibaribe, em Pernambuco; o Araguaia, em Mato Grosso e Goiás; o Parnaíba, no Maranhão e Piauí; o São Francisco, em Minas Gerais e Bahia; o Taquari no Pantanal e muitos outros sofrem com corrosão de suas encostas, devido a dejetos de matadouros, lixões, esgotos urbanos e industriais. Até o Lago Paranoá está assoreado em pelo menos 2 km².

No Estado de São Paulo há um déficit, segundo dados oficias, de 100 mil quilômetros lineares. Uma seleção de espécies nativas a serem utilizadas na recuperação dessas bordas é fundamental, porque muitas não se adaptam aos solos alagadiços, ao passo que outras se beneficiam nestas condições.

Alecrim-de-campinas, angicos, aroeiras, canelas, capixingui, capororoca, embaúba, guaçatonga, ingás, ipê-roxo, jatobá, jerivá, manacá, paineira, pindaíba d’água, pitanga, tarumã urucum e uvaia, entre tantas outras, são indicadas para a recuperação das matas ciliares.

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