Jardins em Portugal

Trago uma rosa vermelha

Aberta dentro do peito

E já nem sei se é comigo

Se é contigo que eu me deito

Amália Rodrigues, cantando “A Rosa Vermelha”

Amendoeira em Outono

Com seu clima mediterrânico, onde as primaveras e os verões são quentes e ensolarados, e os outonos e os invernos são amenos, com neve apenas no Norte, Portugal possui clima ameno quando comparado ao resto da Europa. Isto explica a flora rica de suas regiões: acácias, ameixeiras, robínias, tílias e tremoços, convivem com oliveiras e nogueiras. Alguns, como carvalhos, faias e amieiros, são vistos apenas no norte do país. Já as azinheiras e os sobreiros crescem mais ao Sul. A flora portuguesa, graças às condições climáticas e ao relevo territorial, com uma paisagem montanhosa ao Norte, o interior com seus planaltos e o sul, até ao Algarve, com serras esporádicas, é uma das mais variadas e ricas do continente europeu; na Península Ibérica há mais de 8.000 espécies de plantas diferentes, sendo muitas delas endêmicas.

Portugal tem um clima diferente da Espanha apesar de estarem localizados na mesma península. O Oceano Atlântico é o responsável por isto. A jardinagem teve uma influência menor do Império Romano e dos mouros, há menos pátios internos ajardinados e mais jardins com formas de pátios de arquitetura própria. Sem os problemas de água que seu vizinho enfrentava e com uma terra mais fértil, surgem fontes sem grandes repuxos, como em outros países renascentistas, apoiadas em muros. Os espelhos d’água são similares com os dos galegos e, mesmo usando os azulejos herdados dos árabes, se vê uma influência francesa diferente, como que contagiada do país vizinho, além das “pinceladas” renascentistas itálicas que acentuam um ecleticismo descompromissado e delicioso.

Portugal, diferente dos ibéricos, separou mais a igreja do poder. Os palácios reais tinham seus jardins e os monastérios os seus, sendo que estes mostraram características muito bem diferenciadas.


Jardins do Palácio de Queluz

Já no século XVIII, os jardins do Palácio de Queluz, localizado entre Sintra e Lisboa, eram magníficos aos olhos dos estrangeiros, que se encantavam com as esculturas mitológicas de mármore, os lagos e cascatas e os parterres inspirados naqueles desenhados por Le Notre, para os jardins de Versalles. O autor do projeto foi o francês Jean-Baptiste Robillion. Foi lá que Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal brincava na infância e também foi contemplando esses jardins que ele faleceu, de tuberculose, em 1834, no mesmos aposentos e na mesma cama onde 35 anos antes nascera, ao lado da filha D. Maria II e de D. Amélia, princesa de Leuchtenberg e segunda imperatriz consorte do Brasil. Pela janela olhou por última vez uma amendoeira vestida de outono.

Autor: Raul Cânovas

 

 

 

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