Eleições

Pois é, a vida é feita de escolhas. Eu, por exemplo, passo horas selecionando plantas para meus projetos. Meus clientes preferem esta ou aquela árvore e sempre debatemos sobre qual seria a melhor.

Fazem parte do cotidiano do Homo sapiens as reflexões simples sobre o que vai vestir logo cedo, o que vai comer quando examina o cardápio do restaurante ou o que vai assistir na TV depois do jantar. Há opções mais complicadas como a da faculdade ou a de marido/esposa. Mas, sempre e a todo o momento, somos motivados a pensar em qual é o melhor, entre isso ou aquilo.
 
Há ocasiões em que fico um tempão para apurar, entre centenas de espécies, qual seria a mais adequada para um determinado lugar. São tantas as árvores e as palmeiras que acumulei na minha cabeça que às vezes hesito sobre qual seria a melhor a ser usada. Claro que isto não é um problema, muito pelo contrário: é uma dádiva poder peneirar, entre tantas, a que tem melhores qualificações, aquela sem defeitos, a primorosa que irá preencher minhas necessidades de paisagista.
 
Por que será que algumas pessoas se queixam na hora de julgar o melhor candidato? Fazer essa espécie de triagem entre os aspirantes a um cargo público não é um engodo, ou algum tipo de punição cidadã. Tampouco acho que seja um dever cívico como ensinam por aí. É um direito social adquirido através de reivindicações, de trabalhosas tentativas de ter alguém que seja algo, assim, como um procurador que defenda nossas necessidades cívicas.
 
Tenho a certeza que você é feliz distinguindo o que é melhor, separando sempre o joio do trigo. Fazendo triagens complexas para, por fim, desfrutar de algo que, refletido com cuidado, irá provocar melhoras na sua vida, dando-lhe benefícios e prazeres.

É curioso como, às vezes, precisamos nos esforçar perante múltiplas escolhas. A premissa não é apenas concluir se deve ser preto ou branco, ou quente ou frio, mas como classificar, entre tantas possibilidades, qual é a ideal. E olha que, voltando a essa coisa dos jardins que projeto, muitas vezes fico me questionando qual será a planta trepadeira que vai luzir melhor junto a um muro e me deparo com mais de duzentas opções. Já imaginou se eu tivesse que escolher apenas entre um jasmim e uma primavera? Seria uma pobreza, não é verdade? Isto, independentemente da primavera e do jasmim serem bonitos. Sei que meu dever, como paisagista, é me aprofundar quando seleciono uma planta.

Também sei que o dever (e direito) do cidadão é fazer uma triagem, com toda a perspicácia possível, para eleger os melhores candidatos à presidência, ao senado, ao Governo do Estado e deputados federais e estaduais.
 
São centenas de postulantes e, evidentemente, existem diferenças entre eles e os partidos que representam. Ou você acha que primavera e jasmim “são a mesma coisa”?

Autor: Raul Cânovas

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