Como criar o Melhor Jardim do Mundo - Parte II

Sei, vocês dirão: “Ele já foi criado no terceiro dia, lá… no Éden”. É verdade, no entanto, será que não temos o direito natural e a faculdade essencial de explorar nossas emoções em busca desse paraíso, outrora perdido?

Sou favorável à procura do jardim verdadeiro, por isso me tornei um modesto tesoureiro da natureza, da mesma natureza que me ensina os segredos e os muitas vezes ignorados mistérios, que o sagrado lugar das delícias possuía.

Quero compartilhar o que consegui aprender com ela, divulgar princípios, revelar o genuíno, explicar sinceramente as lições dessa natureza sábia, que nunca desisti de educar os jardineiros bem-intencionados. Por isso deixo a seguir:

OS DEZ MANDAMENTOS DO JARDINEIRO

1. Respeitar a vocação do espaço. O terreno a ser cultivado está predestinado, já seja pela sua situação geográfica, pelo clima ou pela sua história, a um estilo preferencial e a uma flora específica.
2. Respeitar os desejos de quem irá usufruí-lo. As pessoas, nos seus lares, atividades profissionais, lazer, etc., têm motivações, necessidades, apetites e caprichos a serem contemplados.
3. Respeitar os direitos da Mãe-Terra. O bom jardineiro deve proteger o solo, enriquecendo-o sempre. E precisa ter compaixão até com o que consideramos pragas.
4. Respeitar a concórdia entre as espécies. Para viver em harmonia as plantas devem ser agrupadas de modo a ter hábitos e necessidades observados. Isto é descumprido quando, por exemplo, uma oriunda de clima tropical-úmido é forçada a conviver com outra proveniente de regiões temperadas e áridas.
5. Respeitar o livre-arbítrio de árvores e arbustos. Podas feitas com intenções frívolas, que desfiguram e interrompem o desenvolvimento delas, é ofensa às suas liberdades.
6. Respeitar a avifauna. Não apenas àquelas que apreciamos como belas, mas, igualmente, às criaturas que julgamos horrendas e que tanto nos beneficiam, equilibrando a atividade funcional da existência.
7. Respeitar a pluralidade de espécies. A multiplicidade de formas, cores e tamanhos deve ser incentivada em prol da riqueza do jardim. A sobriedade em excesso anda junto à mediocridade.
8. Respeitar as menos favorecidas. As ervas miúdas, que timidamente florescem, na maioria dos casos remediam doenças de todo tipo e as “daninhas” não fazem mal a ninguém.
9. Respeitar a tempestade e seus trovões. Ela auxilia o sol a dar brilho e nutre concedendo energia a tudo àquilo que vive no jardim.
10. Respeitar as leis divinas da ética. Adubos e hormônios em demasia, poderosos inseticidas e outros artificialismos químicos, significam falta de aceitação do legado simples que o jardim nos propicia.

Autor: Raul Cânovas

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