Borboletas no Outono

André de Meijer passou um aviso interessante nos últimos dias


Borboleta rabo de andorinha
 

 

Na região do litoral paranaense está em plena florada a assa-peixe (Vernonia polysphaera). É uma planta muito comum, que cresce espontaneamente à beira das estradas e nos terrenos baldios, atraindo abelhas que, com seu néctar, fazem um mel de sabor muito gostoso.


Flor de assa-peixe (foto de Jorge Belim)

O holandês André de Meijer que mora há 25 anos no Brasil e já reconheceu e ajudou a catalogar 1.000 espécies de macro fungos, (cogumelos que possuem corpo frutífero e podem ser vistos a olho nu), comentou que as flores atraem, também, borboletas nesta época. Além do mais, a assa-peixe é rica em sais minerais, tem ação balsâmica, expectorante e diurética. Suas folhas amassadas até formar uma pasta e embrulhadas em uma gaze, ajudam a diminuir as dores musculares quando aplicadas diretamente no local por duas horas. André, que está trabalhando para terminar um livro ilustrado com as 100 principais espécies de cogumelos representados em aquarelas, a ser editado em português e inglês, em parceria com a Embrapa Florestas, indica que uma outra planta, o eupatório-roxo (Eupatorium macrocephalum), da família das Asteráceas assim como a assa-peixe, o girassol, o crisântemo, a margarida e muitas outras, seduzem igualmente as borboletas.


Eupatorium macrocephalum

Mas quem mora em outras cidades das Regiões Sul ou Sudeste não deve ficar desapontado, pois essas plantas são bastante comuns e alimentam com suas flores as borboletas nativas que alegram nossos jardins nesta época de outono. Infelizmente tem gente que as prefere decorando quadros ou relógios de mau gosto, vendidos livremente na Praça da República ou no bairro da Liberdade, em São Paulo. Ao que parece a criação, segundo a APASFA (Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis), é autorizada pelo IBAMA quando feita para fins artesanais. Nos termos da lei, apenas os machos podem ser sacrificados. As fêmeas, ao nascer, devem ser soltas acompanhadas de dois machos, sendo que a proporção de nascimento é de cinco de sexo masculino para cada fêmea, conforme a espécie.


Lagarta da borboleta rabo de andorinha (Papilio machaon)

Entretanto os borboletários não dão conta, estimulando o comércio ilegal e ameaçando as espécies em extinção que, por serem mais raras e custarem mais, são caçadas sem escrúpulos e oferecidas ao mercado paralelo por até US$ 400. Para tornar seguro o "belo" trabalho é necessária uma técnica peculiar para matar a borboleta: ainda vivos, os machos são mergulhados em um solvente que elimina os parasitas, garantindo a manutenção das cores e das formas. Depois, eles são conservados em naftalina até serem usadas no artesanato final.

Um horror!

Autor: Raul Cânovas

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *