As metrópoles e suas árvores

São Paulo

Em São Paulo, a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, comunicou que quatro novas subprefeituras estarão, a partir deste mês, mapeando as condições fitossanitárias das árvores paulistanas. Agora em outubro, 29 subprefeituras colocarão equipes treinadas que fiscalizarão cerca de 80 ruas e avenidas das quais foram cadastradas mais de cinco mil espécies de crescimento arbóreo. Segundo informações do órgão da prefeitura, as operações visarão: podas, transplantes, reformas de canteiros, entre outras atividades.

Cabe destacar que, nos últimos dias, uma árvore de grande porte cujo tronco estava oco caiu sobre um veículo, na Avenida Lineu de Paula Machado, imediações do Jockey Club. No veículo, estavam duas pessoas. Felizmente, apesar do susto, nada de mais grave aconteceu com elas. 

Na segunda-feira, 18, uma outra árvore caiu na Avenida Washington Luís, afetando três carros e danificando a fiação elétrica. O fornecimento de energia na região também foi prejudicado. Os ocupantes dos veículos nada sofreram.

Com a época das chuvas se aproximando, os cuidados devem ser multiplicados para verificar as condições da arborização urbana, que sofre pela manutenção limitada.

Natal

Os munícipes das grandes cidades estão cada dia mais alertas com suas árvores. Tanto é verdade que a população de Natal, no Rio Grande do Norte, discute atualmente a remoção das árvores da Avenida Hermes da Fonseca. A remoção das plantas foi proposta pelas autoridades locais para ampliar a via carroçável e aliviar o congestionamento. No entanto, o pessoal do curso de Ecologia da UFRN opina que a prefeitura deveria investir no aprimoramento do sistema de transporte público e condena a remoção, principalmente porque minimizam o alto nível de radiação solar que incide sobre a capital potiguar.

Cuiabá


Em Cuiabá, o Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano da capital, Archimedes Pereira Lima Neto, aproveitou o início da temporada das chuvas para anunciar, no último dia 21, que, por intermédio do departamento de Parques e Jardins, doará 300 mudas por dia. Pude constatar, quando estive na capital mato-grossense, há um mês atrás, que a cidade sofre pela falta de sombreamento arbóreo e que, por causa da localização, no extremo da Planície do Pantanal, em pleno Cerrado, a escolha das essências lenhosas deve obedecer a um critério rígido. Considero que estas devam ser pioneiras rústicas, ou secundárias iniciais, aptas no combate aos poluentes e com boa capacidade de retenção do dióxido de carbono (CO2) — que, por intermédio da fotossíntese das folhas, o transformam em oxigênio, diminuindo o efeito estufa.

É importante que possuam características morfológicas que as habilitem na retenção das poeiras, ocasionadas pelo excesso de veículos: folhas grandes, como as da belenzeira; de crescimento rapidíssimo, como as aroeiras; indiferentes aos solos secos e contaminados, como o carvoeiro; ou a solos pobríssimos e pedregosos, como é o caso do belo angico-branco. Algumas são campeãs: o jatobá, segundo o professor Marcos Buckeridge, pesquisador do departamento de botânica do Instituto de Biociências da USP, é um verdadeiro “faxineiro do ar”.

Outro item relevante é o conforto térmico que as alamedas propiciam. A umidade em Cuiabá, durante a estiagem, ficou abaixo da recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que é de 30%. Nos últimos meses foram registrados índices menores a 15%, deixando uma sensação de clima de deserto. A queima da cana e os processos de desmatamento colaboram para que isso aconteça.

No Centro-Oeste, mais de quatro mil focos de incêndio foram registrados por causa da seca. Onde existe uma vegetação arbórea significativa, o vapor de água sobe para a atmosfera e se acumula em forma de nuvens, possibilitando chuvas e aumento da umidade relativa do ar. É por esse motivo que as ruas arborizadas possuem a temperatura do ar mais amena e a umidade relativa do ar mais elevada, do que em vias sem vegetação significativa.

Contudo, elas sozinhas não realizam milagres. Ao planejar a arborização de ruas e avenidas, deve se levar em conta, além dos aspectos climáticos, a orientação dessas vias de comunicação, o porte, o diâmetro da copa, o tipo de raízes, o caráter da folhagem, a estrutura e a forma da árvore, a densidade da copa, o tipo de frutos, a velocidade de crescimento e a longevidade da espécie.

É importante também, usar essências nativas da região, por serem mais resistentes e melhor sintonizadas com o bioma. Árvores aportam conforto climático, não são apenas, elementos de estética.

O Secretário, Archimedes Pereira Lima Neto, avalia que atualmente a questão do aquecimento global, amplamente discutida em tudo o mundo, está fazendo com que as pessoas fiquem mais sensíveis e conscientes:

— Iniciamos o terceiro milênio enfrentando um vasto número de problemas ambientais, que ameaçam não só o equilíbrio ecológico do planeta, como a vida de sua biodiversidade, inclusive a vida humana. Isso nos impõe uma reflexão mais cuidadosa sobre questões existenciais de crucial importância. O plantio de árvores é um deles, daí a nossa preocupação em orientar da melhor forma possível a população —, explicou.

Pois é secretário, assino embaixo.

Autor: Raul Cânovas

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