A Toxidez no Mundo Vegetal

Quando planejamos um jardim, devemos observar com cuidado as plantas que iremos utilizar. Principalmente quando se trata de espaços públicos, ou áreas destinadas às crianças. Espécies venenosas podem causar sérios problemas, já que a criançada é normalmente curiosa e levam para a boca qualquer coisa de diferente. Com o intuito de esclarecer este assunto deixamos aqui algumas dicas importantes.

O Perigo Potencial das Famílias de Plantas:

Acima temos um gráfico comparativo entre o nível de toxidade entre as diversas famílias de plantas. Os componentes ativos, ou toxinas, podem ser encontrados em qualquer parte da planta, mas em cada espécie localizam-se em locais determinados, ocorrendo, às vezes, em menor quantidade, ou mesmo inativos, em outros segmentos de uma mesma planta. Podemos observar que, dentre todas as famílias, as cactáceas abrangem o maior número de espécies tóxicas, isso se explica por meio de uma tendência natural das plantas desenvolverem compostos venenosos à medida que nascem e desenvolvem-se em lugares áridos e de solos pobres em nutrientes. Além do mais, ficou comprovado que as propriedades tóxicas de uma planta variam segundo os fatores ambientais, tal como a época do ano, a acidez do solo, etc.

    Geralmente uma espécie produz apenas um tipo de composto, mas algumas plantas podem se caracterizar por produzir outros tipos de compostos secundários. Desse modo, as leguminosas apresentam um alcalóide muito perigoso chamado citisina; as solanáceas outros dois chamados de atropina e escopolamina; as apocináceas, oleandrina, neriosido e difitaligenina. Abaixo temos as principais famílias e gêneros ornamentais que apresentam propriedades tóxicas acentuadas:

Este tipo de classificação é importante na medida que nos dá uma visão científica das famílias e gêneros potencialmente tóxicos. Muitas vezes embora uma planta seja tida como tóxica pela crendice popular, ela se prova inofensiva quando efetivamente ingerida e isso ocorre por duas razões principais: ou porque a quantidade de toxina presente na planta é tão pequena que requer que grandes quantidades dela sejam ingeridas para produzir um efeito tóxico ou letal, ou porque a planta não apresenta qualquer tipo composto ativo em absoluto que possa causar prejuízo se ingerida, mesmo em grandes quantidades. Exemplo do primeiro tipo é o conhecidíssimo cambará ou Lantana camara, que é tóxico sem dúvida, mas que, para causar algum prejuízo à espécie humana, deve ser ingerido em grandes quantidades, visto as folhas terem um gosto amargo e nada agradável é extremamente improvável que alguém venha morrer acidentalmente (e premeditadamente dependeria, mesmo assim, de uma grande determinação associada a uma completa falta de imaginação) por ingerir essa planta.

    Do segundo tipo são exemplos o Oxypetalum banksii, tido como extremamente venenoso e, todavia, comprovadamente inócuo através de experimentação (Occhioni, 1994). Na verdade, as plantas tóxicas oferecem perigo muito maior ao gado, porque em épocas de seca e escassez de alimentos os animais podem vir a se alimentar dessas espécies, o que geralmente provoca uma grande baixa nos rebanhos. Além disso, há o perigo – remoto, mas não inexistente – de o veneno ficar armazenado na carne do animal e ser passado para o homem através da alimentação. Exemplos desse tipo de plantas são o Mascagnia rigida, ou tingui, que é um arbusto muito comum nas zonas secas do país. A ingestão de suas folhas desencadeia a morte súbita dos animais dentro de um período mínimo de 24 e no máximo 48 horas.

    Há ainda as famosas plantas ornamentais que são bastante tóxicas, como a Dieffenbachia amoena, ou comigo-ninguém-pode, usada como planta de interior (outras espécies são: D. maculata, D. reginae), geralmente plantada em vasos e que, quando ingerida ou mastigadas partes do talo, libera cristais de oxalato de cálcio, os quais penetram na mucosa buco-faringica causando grande irritação e abrindo caminho para a atuação de uma proteína chamada toxalbumina, a qual é muito ativa, gerando constrição da glote e asfixia mortal – se não houver socorro.

Autor: Raul Cânovas

 

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