Um espelho d'água no jardim

O tamanho não tem muita importância. Ele deve ser tão grande quanto seus sonhos

 

Antes de fazer nada precisamos soltar a imaginação, sentir a grandeza das nossas vontades, daquilo que queremos, e não apenas do que necessitamos. O jardim não figura na “cesta básica” da sobrevivência, por este motivo prefiro falar em caprichos motivados pelo prazer e não naquilo que consideramos essencial à resistência humana.

Sonhar é tão bom! Que seria de nós se Sir Timothy John Berners-Lee não tivesse imaginado a Internet há vinte anos, ou se Levi Strauss não usasse uns rolos de lona para fazer um jeans, o primeiro Levi’s, ou sem a lâmpada elétrica inventada por Edison? Pois é, esses inventores eram fundamentalmente sonhadores, não sentaram na frente de uma mesa e começaram a desenhar suas descobertas. Primeiro delinearam nas suas mentes um montão de fantasias, absurdas algumas, até saber exatamente o que queriam.

É desta maneira que o espelho d’água deve ser visto. O lago não é somente uma superfície aquática. Deve integrar-se com o contorno, parecer casual, surgindo como se sempre tivesse estado aí, no nível mais baixo do terreno, captando nesse fundo de vale as chuvas de toda uma vida e uma vida com plantas, tanto nas margens como no meio dele, onde peixes nadam (não precisam ser carpas coloridas) e patos grasnam produzindo uma barulheira deliciosa. É isto que cria um ambiente convidativo para a calma que nosso estresse pede aos gritos!

No sopé de um barranco ou numa depressão natural do terreno, pode surgir com formas retas ou orgânicas, sendo estas últimas mais suaves do que as outras, no entanto mais complicadas de serem traçadas para lograr a naturalidade exigida. Nestes casos é fundamental usar curvas feitas com compassos, para que o bucolismo pretendido não se transforme em um desenho tremido e sem equilíbrio plástico.


Nenúfar (Nymphaea rosea)

O material mais indicado para sua construção é a lona conhecida como geomembrana ou EPDM, da Firestone, com espessuras que vão de 0,5 a 2 mm, resistentes á radiação solar, permitindo uma total liberdade de formatos graças a sua maleabilidade. Ela é melhor do que o concreto, que poderá criar fissuras futuras. O problema dessas mantas é furarem em contato com objetos cortantes ou perfurantes, como entulhos, pregos, raízes etc. Por isto é importante forrar o fundo com uma manta geotêxtil, tipo bidim. Depois de pronto, nesse fundo coloca-se areia grossa e nas laterais pedras e seixos que cobrem totalmente o material. A vantagem dessas lonas é grande: rapidez, período de maturação da água e alterações futuras no formato.


Kinguios no lago

Para que o lago forme um ecossistema próprio, as plantas aquáticas e os peixes são indispensáveis. Nenúfares, alfaces-d’água e aguapés facilitam a vida e a reprodução de kinguios, esses peixinhos vermelhos fáceis de tratar.

Os sapos e rãzinhas também são bem vindos!

 

Autor: Raul Cânovas

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