Tons de verde

Quantos deles existem, cem, mil?

Para nós, humanos, este último número talvez seja o mais próximo do perceptível, já, para os papagaios, estes nuances são bem maiores, porque em lugar dos três receptores de cor que possuímos esses psitacídeos contam com quatro.

Por isso imagino que existam muitos mais verdes daqueles que enxergamos e todos, todos mesmo, colorem as folhas da maioria das plantas. Mais ainda, cada espécie oferece tonalidades que variam com as estações e com a intensidade dos raios solares. Mesmo à noite, dependendo da face da lua, os verdes podem mostrar os mais variados matizes, chegando, inclusive, ao quase preto.

Bem, e daí? Vocês devem estar se perguntando. Daí que a paisagem só é paisagem graças aos diferentes verdes que a compõem. São eles que, junto às luzes e às sombras, criam a perspectiva, e é a perspectiva a responsável pela magia contemplada.

Paisagem, de José Pancetti

Quando observamos com atenção uma vista que se estende até o horizonte podemos notar que essa cor ganha a companhia de azuis, púrpuras e dourados, algo que pintores como Pancetti e Guignard captavam bem nas suas telas modernistas.

Por tudo isto vejo que o paisagista do século XX deve conhecer a flora de onde atua profissionalmente, para assim criar as vistas que algum dia serão pintadas. Criar uma floresta não requer, necessariamente, saber desenhar, mas fundamentalmente, como cada árvore desenhou sua forma e coloriu sua folhagem.

Só desse modo há de se reconstruir uma paisagem.

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