Maná

Desde criança ouço falar do maná. Adulto e curioso por tudo o que pertence ao reino vegetal, vejo que a Bíblia acertou.


Colhendo maná

No seu mais famoso livro “E a Bíblia tinha razão” (10 milhões de exemplares vendidos em mais de 20 idiomas) Werner Keller (1909 – 1980), escritor especialista em questões judaicas, explica os milagres ocorridos, provando que aconteceram realmente, não quiçá de maneira textual, mas perfeitamente comprovados por pesquisas realizadas nas últimas décadas.

O argumento é baseado nos locais visitados pelo escritor, nos restos históricos achados e, no caso do maná, pelo testemunho dos habitantes da região que comentam sobre uma espécie, a Lecanora esculenta, conhecida como líquen-de-maná, de talo crustáceo. Botânicos do Próximo Oriente falam também de uma espécie de tamargueira-do-deserto (Erica verticilata) com folhas pequenas, estreitas e duras e flores cor de rosa, perfumadas. Existe a Tamarix mannifera que, do mesmo modo, produziria o fenômeno. Outra explicação seria a Trabutina mannipara, nome científico da cochonilha que produz uma melada, parecida com esse alimento milagroso. Esta última merece atenção, como veremos mais adiante.


Tamarix mannifera com a resina açucarada, libertada quando picadas pela cochonilha

O “pão do céu” continua como algo a ser decifrado, apesar dos agnósticos alegarem que é uma questão de crença. Há testemunhos antigos de que em todos os vales em volta do Monte Sinai encontra-se até hoje o maná, apanhado pelos árabes que o conservam e vendem aos estrangeiros e peregrinos. Ele cai, ao amanhecer, do céu como se fosse uma geada ou um orvalho e fica pendurado em forma de gotas nos ramos das árvores e dos arbustos. Seu sabor é doce e consistente como um mel.

Oitenta anos atrás o biólogo Friedrich Bodenheimer e o entomologista Oskar Theodor, trabalhando para a Universidade Hebraica de Jerusalém fizeram uma expedição ao Sinai com a intenção de esclarecer, por fim, o mistério. Depois de meses nessa península desértica e montanhosa que separa o Mar Mediterrâneo do Mar Vermelho, afirmaram que a tal da cochonilha era responsável pela transpiração das árvores na forma de uma secreção resinosa, com o tamanho de uma semente de coentro. Segundo Bodenheimer: “o gosto dos grãozinhos cristalizados do maná são de uma doçura característica, similar ao mel de abelha”. Os dois expedicionários confirmaram da mesma maneira que, como na descrição bíblica, “cada um colhia pela manhã quanto podia bastar para seu alimento e, quando o sol fazia sentir seus ardores, derretia-se (Êxodo 16.21).

Os beduínos, ainda hoje, correm para colher o que eles chamam de “mann essama”, isto é, maná do céu, antes do que as formigam o façam, já que elas são concorrentes gulosas embora só começam sua atividade quando o sol esquenta, por volta das oito e meia da manhã. Antes disso cada homem consegue colher até um quilo e meio, uma quantia mais do que suficiente para alimentar um adulto. Com ela fazem uma massa apreciada pelo sabor e muito nutritiva.

O que, para mim, é um milagre apesar de todas essas explicações científicas, é o fato de ter maná suficiente para os três milhões de pessoas que seguiram Moisés em direção à Canaã, a terra prometida. Isto é que podemos designar como um fato extraordinário. Ou apenas como… milagre.

Autor: Raul Cânovas

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