Bulbine frutescens

 Bulbine, cebolinha-de-jardim

Fico sempre atento à origem das plantas. Só assim consigo obter os melhores resultados nos meus projetos. No caso desta espécie, usada principalmente para forração, é importante destacar que ela cresce espontaneamente nos vales secos da província do Eastern Cape (Cabo Oriental) na África do Sul, onde os verões são muito quentes e o invernos frios, mas sem ocorrências de geadas. São de lá uma grande parte das 20 mil espécies que esse país possui, colocando-o entre os dezessete megadiversos do planeta com aproximadamente 10% de todas as plantas conhecidas pelos botânicos. Agapantos, várias espécies de áloes, aspargos, clorofitos e o cheiroso alho-social são também sul-africanas e da mesma família que o bulbine.
Todas dependentes de sol e solos muito bem drenados, características típicas de regiões áridas.

Suas flores são melíferas e as folhas suculentas produzem um suco gelatinoso, parecido com o da babosa, que é fantástico no caso de picadas de insetos, minimizando os efeitos de queimaduras e rachaduras da pele, especialmente nos lábios – inclusive, segundo me falaram, nos casos de herpes labial.
Perene e entouceirada, a usei pela primeira vez em 1980, quando ainda era uma planta rara. Aconselhado pelo meu amigo Nuto, da floricultura Campineira, ele a recomendou para um jardim que eu estava projetando na península do Rio Vermelho, em Salvador-BA. Segundo ele, desenvolveria bem, beneficiando-se dos ventos marítimos e do sol intenso do lugar. Não deu outra, foi um sucesso!

E é bom lembrar que, na época, todos ficaram receosos com as poucas possibilidades que o local oferecia. Ventos constantes e salinos, solo rochoso e muito sol não pareciam favoráveis a um jardim bacana e sustentável. Bobagem! O mudo vegetal oferece, generosamente, opções para cada situação e meu cliente baiano ficou feliz com o paisagismo de sua casa, colorido e de manutenção simples.

Por isto, não insista em cultivar plantas que não sejam exatamente sintonizadas com o espaço, tanto se tratando de clima como também do solo.

Autor: Raul Cânovas

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