29 de agosto: Dia Nacional de Combate ao Fumo

Os garotos imitavam James Dean (foto abaixo) em tudo: a jaqueta de couro com a gola levantada, o sorriso esperto (que a gente não tinha) e, claro, o cigarro no canto esquerdo da boca.

As influências eram óbvias, afinal, meu pai também copiara o jeito de Humphrey Bogart, no modo de acender o cigarro — inclusive consumindo a mesma marca: Chesterfield. Quando acompanhado da minha mãe, acendia dois juntos e, tirando só um dos lábios, oferecia-o como se ela fosse a própria Ingrid Bergman, no filme Casablanca

É incrível que, apesar de meio démodé, a garotada ainda fique fascinada quando vê Collin Farrell, Brad Pitt ou Johnny Depp com um “crivo” na boca. Esse mesmo deslumbramento foi sentido pelos espanhóis quando, na Ilha de Tobago, observaram os nativos aruaques fumando, utilizando um tubo em forma de “Y”, que chamavam de tabaco.

 

(Tabacum latifolium, tabaco)

Os conquistadores levavam a Carlos I, o rei da Espanha, qualquer coisa que achassem interessante: tomates, batatas, amendoim, milho e também tabaco. A moda se alastrou rapidamente e o fumo era usado em forma de rapé, para ser cheirado, como cigarros ou charutos e até em uma maneira em que podia ser mascado.

Jean Nicot, que por volta de 1560 foi embaixador francês em Lisboa, levou folhas da planta à Catarina de Medicis, para que ela pudesse curar suas enxaquecas, inalando a fumaça produzida por um defumador. Graças a esse fato, anos mais tarde, Lineu, criador da nomenclatura e da classificação científica das plantas, homenageou o diplomata, batizando de Nicotiana essa espécie. A popularidade do novo hábito foi tão grande que o Papa Urbano VII proibiu, em 1590, sob ameaça de excomunhão, os sacerdotes e os fiéis de fumarem dentro das igrejas.

Um hábito social até a década de 1970 (Chico Buarque ainda fuma) é hoje um vício de excluídos, que estão sempre à procura de um espaço qualquer, onde possam soltar suas baforadas. Parei de fumar há mais de trinta anos. Às vezes sinto saudades daqueles anéis azulados que desenhava no ar, com a fumaça das minhas fantasias. Aprecio um charuto de vez em quando, acompanhado de uma cachaça mineira. Imagino que isto não seja pecado e nem, à saúde, atentado.

Autor: Raul Cânovas

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