As plantas tóxicas e os animais

Ainda adolescente, meu pai, que também era paisagista, sempre alertava sobre as plantas que, de alguma forma, poderiam causar algum dano aos animais domésticos e ao rebanho. Ele selecionava com cuidado árvores e arbustos livres de espinhos, de pêlos urticantes, de folhas venenosas ou até de flores ou frutos que, depois de ingeridos, pudessem acarretar mal-estar para o gado ou para as pessoas.

Naquela época, ele achava que essas plantas nocivas eram agressivas e um pouco malvadas. Não entendia que na realidade desenvolviam mecanismos de defesa para suportar os choques com os animais herbívoros. Algumas plantas conseguiam passar despercebidas, outras fabricavam seivas muito amargas e uma grande maioria disfarçava os frutos, ainda não maduros, dando a eles a mesma cor que a folhagem; tudo para preservar a espécie.
 

(Alecrim-de-campinas, foto: Carlos A. Milanesi)

O alecrim-de-campinas é uma árvore bastante utilizada no sombreamento de calçadas, no entanto esta leguminosa é responsável por uma doença conhecida como “peste das queimadas”. Depois das queimadas no campo, ela é a primeira a brotar e estes brotos tenros e atraentes contêm ácidos cianídricos, causando um envenenamento crônico, além de fotofobia. O boi mostra, no couro, chagas nas regiões mais expostas.


(Lantana ou cambará, foto: Joaquim Alves Gaspar)

 

A lantana ou cambará, também causa fotossensibilização, além de congestão das mucosas e desarranjos gastrointestinais. Seus frutos contêm Lantodene e as folhas, na proporção de 40g por quilo de peso vivo, podem levar à morte do animal.

Autor: Raul Cânovas

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