A sina dos trópicos

Por que regiões próximas à linha do Equador sofrem mais com desmatamentos?

Não é uma questão de países, mas de áreas com características próprias onde a temperatura é mais alta e o regime de chuvas maior (salvo o sul do Saara e da península Arábica) imprimem paisagens com vegetação exuberante, nas florestas tropicais. Nas savanas da África, América Central e do Sul, sul da Ásia e norte da Austrália onde, apesar da pouca água há, também, cerca de duas mil espécies de ervas e pequenos arbustos e por volta de mil e quinhentas espécies arbóreas.

Lagos, capital da Nigéria

Embora essa riqueza toda, é precisamente nesses lugares, com uma flora notável e um clima geralmente equatorial e agradável, que a vegetação sofre mais com a intervenção humana. A elevada temperatura; entre 24º e 27°C, com média mensal sempre superior a 18°C e a alta pluviosidade, próxima de 2 000 mm anuais, facilita o desenvolvimento de formações vegetais, determinada pela preponderância de árvores de médio e grande porte. A biodiversidade é a mais elevada do planeta. Então qual é o motivo que leva, exatamente, a esses biomas sofrerem com a desertificação? Nada menos que 40% da Terra sofre esse problema, envolvendo – segundo os meteorologistas – 2,6 bilhões de seres humanos, isto é um terço da população mundial. No nosso país uma área de mais de um milhão de metros quadrados padece de desertificação, por causa das queimadas que facilitam a “limpeza” do solo, beneficiando temporariamente, uma agricultura que se ressente cada vez com a perda dos nutrientes, uma vez que, destruída a cobertura florestal, são rapidamente lixiviados pelas chuvas tropicais, bem mais pesadas e violentas que em regiões de clima temperado.

Rua em San Francisco, USA

Entretanto, como paisagista que sou, não quero me prolongar nas questões que envolvem manejos agrícolas. Quero observar o que acontece com as cidades. De São Paulo até Cidade do México, de Medellín à Manila, passando por Lagos, na Nigéria, Jakarta, Bombaim e tantas outras cidades populosas, localizadas entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio, observamos que as pessoas substituíram a vegetação nativa por ruas e edificações, tornando essas urbes poluídas e estressantes. Bem diferente dos centros urbanos da Europa, da América do Norte, da África do Sul, do Japão, da Coreia do Sul e do sul da Austrália, territórios localizados fora da área ocupada entre os Trópicos. Cidades como San Francisco, Vancouver, Copenhague, Londres, Viena, Paris, Tóquio e Barcelona se notabilizam pelo cuidado com suas árvores. Claro que nem por isso são cultural ou socialmente menos desenvolvidas, pelo contrário, se destacam pela tecnologia avançada e pelo bem-estar de seus cidadãos.

Por aqui, só nos resta torcer para que a região Sul do país continue valorizando o verde urbano e que contagie o resto do Brasil com sua politica de arborização, usando, talvez, Curitiba como estandarte dessa cruzada.

Autor: Raul Cânovas

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