A samambaia-de-metro é soberana

Não há dúvidas que entre todas aquelas plantas que possuem um fã-clube, uma turma que admira e curte plantas que não florescem, ela é a rainha indiscutível

 

Há, periodicamente, plantas que acompanham uma tendência, tentando se adequar aos caprichos da moda. Influenciadas pelo consumo sob aspectos atrelados a uma estética que tenta se renovar permanentemente invocando, talvez, o gosto e os hábitos dos jardinistas e de todos os que gostam de plantas.

Estarrecido, já ouvi que a samambaia-de-metro era “vintage”, rotulando-a como algo fora de moda. Perdão, mas prefiro usar essa designação para lembrar os melhores vinhos do Porto que, envelhecendo dentro de uma garrafa, ganham "bouquet" e sabor excepcional. A samambaia é como esses vinhos fortificados da região do Douro, e nunca será retrógrada, ultrapassada, porque faz parte de um jeito de estar próximo de uma planta, de amá-la, de suspeitar que ela é nossa amiga e confidente, acreditando que depende de nós e que nós também, de algum modo, estamos sujeitos à sua beleza, às respostas do nosso cuidado.

Como aqueles Tawnies que dormem durante 40 anos em cascos de carvalho, ganhando cores claras e sabores que misturam canela, mel e chocolate além, claro da própria madeira, as samambaias ficam cada vez mais exuberantes com o passar do tempo. Tendo um pé-direito duplo ela consegue ficar com 4 metros, quando plantada em um vaso de fibra de coco suspenso. É dengosa e sem frescuras, igual a uma cabocla fiel que veio da floresta para nunca te abandonar e que entende apenas o dialeto caipira quente e úmido da mata. É óbvio que de vez em quando gosta de ser presenteada com uma água de cheiro, para ficar bonita. Não daquela que leva folhas perfumadas com lavanda macerada, mas de uma outra com nutrientes para verdejá-la e enchê-la de viço, repleto de folhas.


Toneis contendo vinho do porto tawny de 40 anos

O Polypodium persicifolium, como é chamada pelos botânicos, pode ser adubada com bastonetes da Vitaplan, na fórmula NPK 12.08.06, colocados diretamente no solo do vaso, que deve ser composto de um substrato rico em matéria orgânica e pouco arenoso, com pH de mais ou menos 5,7. Nas estações mais quentes, uma adubação foliar com KUMITE, que é um fertilizante mineral foliar nitrogenado, vai estimular a produção de folhas maiores e sadias.

É para ser querida… não apenas cultivada!

Autor: Raul Cânovas

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